quarta-feira, 3 de março de 2010

Impressões sobre o I Fórum Democracia e Liberdade de Expressão!















Participei na segunda-feira, dia 01/03, do I Fórum Democracia e Liberdade de Expressão (recebi uma inscrição de cortesia) e perdi apenas o início do evento, que começava às 8:30, pois segunda é rodízio do meu carro e só pude chegar às 11:30 ao Golden Tulip Plaza Hotel (local do simpósio). Infelizmente, não peguei a fala dos convidados estrangeiros e do Demétrio Magnoli, que queria muito ter visto. Aguardo o vídeo no site do Instituto Millenium para me inteirar das primeiras falas também. O vídeo de abertura do evento com Roberto Civita, da editora Abril, já está disponível no site referido.

Mas, enfim, vi 85% do evento e achei a iniciativa para lá de louvável principalmente nesse momento tão angustiante em que nos vemos às voltas com ameaças à democracia a bordo da nau dos insensatos governada por Lula e seu partido de origem. Gostei da maioria das falas, quase unânimes em apontar os perigos que corre a ordem democrática na mira das estrovengas autoritárias das Confecoms e sobretudo do PNDH-3 (Programa Nacional dos Direitos Humanos-3).

Gostei particularmente da fala de Arnaldo Jabor que disse que precisamos sair das abstrações e partir para ações concretas de prevenção dos avanços autoritários, que precisamos sair da defensiva e partir para a ofensiva. Gostei também da fala do Marcelo Madureira (Casseta & Planeta) quando disse que não podia crer estar vivendo de novo – depois de apenas 25 anos do fim da ditadura militar – esse clima de sufoco em relação às liberdades democráticas, com episódios de censura pipocando por todo lado. Veja entrevista do Marcelo para a TV Estadão.

Sinto o mesmo que ele porque é fato. Um dos palestrantes – cujo nome agora me falha a memória, depois retifico o texto – contou a hilária história de uma ONG de aleitamento materno que conseguiu aprovar um projeto proibindo propaganda de chupeta, pois as chupetas iriam contra a nobre arte de dar de mamar. O CONAR, após reclamação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, como relatei em postagem abaixo, decidiu proibir a veiculação do spot de lançamento da cerveja Devassa, acusada de desrespeitar às mulheres. Eu mesma, recentemente (depois vou contar a história), fui censurada, num blog para o qual fui convidada a escrever, por contrariar as opiniões da blogueira-dona a respeito da tal Comissão da Verdade (que coisa mais orwelliana) de apoiadores do governo, que quer acabar com a anistia aos repressores da época da ditadura militar, e por me posicionar contrária ao famigerado Programa Nacional de Direitos Humanos-3.

Para dar uma idéia da razão de minhas posições, basta ver que os que reivindicam a punição dos militares, que torturaram presos políticos durante o período militar, são os mesmos apoiadores da ditadura castrista que, agorinha, torturou e matou mais um dissidente político em seus porões sombrios. Com raras exceções, não ouvi um pio sequer das ditas organizações brasileiras dos “direitos humanos” sobre o caso. Nem o Tortura Nunca Mais se pronunciou nem ninguém mais da turminha que quer revanche contra os militares que a combateram no passado. Como se diz jocosamente, esse pessoal defende é os direitos dos manos, não os direitos humanos. Seu discurso é eivado da mais nauseante hipocrisia, cheio de dois pesos e duas medidas. Por isso, eu não o endosso, eu não o compro.

Enfim, mais do que simplesmente atos de censura explícita, o que existe é uma guerra, pela hegemonia do pensamento social e cultural, sendo travada em todos os cantos do país. Esse é o Zeitgeist do momento, o espírito do tempo, o clima intelectual e cultural do Brasil desse fim de era Lula que esperamos não tenha continuidade. Não por menos, em uma das mesas, todos os palestrantes, um que se revelou social-democrata (Marcelo Madureira), outro de direita (Reinaldo Azevedo) e um terceiro que não se identificou politicamente (Roberto Romano), afirmaram a necessidade da criação de um partido de direita, ainda que – como disse Romano, não venha a fazer parte dele. E eu acrescento: não só de direita mas de quaisquer outras forças realmente democráticas para fazer frente a maré vermelha autoritária.

A única coisa que não gostei no evento foi a participação de Antonio Palloci, deputado pelo PT, aquele mesmo do caso Francenildo. O Ministro da Comunicação, Hélio Costa, até se entende pela pasta que ocupa e o temário do evento, mas a presença de Palloci foi difícil de entender e de deglutir, ainda que o dito tenha se posicionando contrário ao controle social da imprensa proposto pelos PNDH-3, Confecom, etc. E quem leva a sério, não? Palloci veio em substituição a Fernando Gabeira que não pode participar. Melhor que a mesa tivesse ficado só com duas pessoas do que ter contado com a seleta presença de Palloci.

No mais, chamou a atenção, de quem entrava no hotel para o evento, as cerca de 20 pessoas, de várias organizações...rsss, que, vestidas com o uniforme de trabalho, protestavam contra o Fórum, dizendo-se discriminados por causa do preço da inscrição (como já disse, quem demonstrou interesse no evento, junto ao Instituto Millenium, e não podia pagar, recebeu inscrições de cortesia). Esses manifestantes não estavam interessados no evento da mídia de direita; estavam apenas a fim de marcar posição e chamar a atenção da imprensa, essa mesma que eles querem controlar. 

No banheiro próximo ao auditório do evento, logo que cheguei, troquei umas palavras com uma camerawoman, uma mulher negra retinta (que à primeira vista bem poderia estar do lado de fora "protestando"), iniciando com ela um papo sobre a interminável chuva que assolava São Paulo, ao qual ela foi logo acrescentando: "- E tem esse bando de desocupados aí na chuva, fazendo essa palhaçada." Sorri, e nos despedimos. Quando saí para almoçar, um dos manifestantes do bando, ainda mais reduzido por algumas defecções, veio me oferecer um panfleto e uma revista que recusei, atitude repetida por outros transeuntes. A mídia da esquerda xiita, como sempre imaginativa, falou do grande protesto contra o Fórum, citando o nome de mais organizações do que o número de pessoas que participava do happening. 

Espera-se agora que a iniciativa do Instituto Millenium se multiplique em outras cidades para arejar o ambiente político, cultural e social do país. Abaixo, vídeo da Globo, sobre o evento, e da UNE com os representantes das inúmeras organizações que protestaram contra o Fórum.



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