terça-feira, 27 de janeiro de 2009

True Blood: Vampiros lutam por direitos como os homossexuais!


Vampiros sempre existiram na imaginação das pessoas bem antes de Bram Stoker ter lançado o clássico do gênero, o seu famoso Drácula, em 1897. Mas foi com o livro de Stoker que o vampirismo fez escola e nunca mais saiu de cena.

Geralmente associados ao mal, mas também à sexualidade, os vampiros, contudo, têm apresentado, com o passar dos anos, cada vez mais características humanas, dilemas existenciais, crises éticas.

A bem da verdade, o próprio Drácula saiu da Transilvânia para Londres, num laivo de romantismo angustiado, em busca da reencarnação de seu amor perdido, Mina, que o destino havia lhe tirado ainda bem jovem. O problema é que o Conde, em sua trajetória, vai chupando deus e todo mundo, deixando literalmente muitos mortos e mortos-vivos pelo caminho.

A saga do Conde rendeu também inúmeros filmes de terror B, C, mas também A, além de filmes de terrir (como o ótimo Dança dos Vampiros do Polanski), e os atores que representaram o vampiro-mór, como Bela Lugosi, Christopher Lee, Jack Palance, Gary Oldman, entre outros, entraram para a história.

A saga do Conde inspirou ainda muitos outros escritores a criarem seus vampiros, variantes do clássico, com alguns diferenciais. Em tempos mais recentes – como já disse – os vamps passaram a ter crises existenciais, éticas, culpa por matarem humanos inocentes, como o vampiro Louis de Entrevista com o Vampiro, de Anne Rice, ou mesmo revolta contra a própria espécie, como o vampiro negro Blade, que sai caçando seus iguais.

Com o avanço da ciência – que não conseguiu desacreditá-los – e o advento dos hemocentros e dos sangues sintéticos, os mais modernos puderam se abster totalmente de sangue fresco ou mesmo humano, preferindo controlar seus instintos e até interagir com suas antigas presas. Mais do que isso, deram para se apaixonar por humanos, em alguns casos sendo capazes de consumar a paixão, em outros não.

No seriado de TV Moonlight, recentemente exibido pela Warner, o vampiro Mick, que até pode andar – mais ou menos – à luz do sol, se apaixona por uma jornalista, que descobre sua identidade e o acompanha na resolução de casos, embora o amor entre eles apareça como uma impossibilidade. No filme Crepúsculo, sucesso de bilheteria atual, em cinemas do mundo todo, o casal teen composto por um vampiro e uma mocinha vive suspirando seu amor platônico para gáudio da platéia.

E agora, no dia 18 de janeiro, estreou pela HBO, a série True Blood, onde os vampiros não só dispensam o sangue humano por um sangue sintético inventado pelos japoneses (ah, esses japoneses!), como também interagem com os humanos, apaixonam-se por eles e – sim - consumam a paixão por meio de um sexo selvagem que literalmente tira sangue de seus pares.

Mais do que isso, os vampiros querem seu lugar à lua, como os humanos querem ao sol, organizam-se em grupos vampirescos e reivindicam direito ao amor, ao casamento e à propriedade privada, que não são bestas.

Vulneráveis à prata, são imobilizados por traficantes de drogas, que drenam seu sangue, de incríveis poderes reabilitadores e afrodisíacos, e o vendem para humanos viciados, que ficam pra lá de doidões com a nova droga, chamada True Blood. São também vítimas de muitos preconceitos dos humanos que os temem e os rejeitam e os consideram de cara os principais suspeitos quando surgem crimes misteriosos.

A analogia com a luta homossexual é muito grande. Na introdução de cada episódio, em uma das cenas aparece um cartaz onde se lê God hate Fangs (Deus odeia vampiros), uma paródia dos homofóbicos cartazes dos fundamentalistas cristãos onde se constuma ler God Hate Fags (Deus odeia homossexuais). No último episódio do dia 25/01, em um programa de televisão, um pregador evangélico aparece desconjurando a representante da associação dos vampiros que reivindica direitos para sua comunidade.

Ambientado numa cidade interiorana da Louisiana, Bon Temps, True Blood na verdade fala da dificuldade enorme que a sociedade tem para lidar com os diferentes. De quebra, traz um caliente romance entre a garçonete médium Sookie (Anna Paquin, de X-Men) e o vampiro Bill (Stephen Moyer).

Muito bem feita em termos técnicos e de conteúdo, a série de Alan Ball, um dos idealizadores de A Sete Palmos, promete muitas emoções. Abaixo, vídeo com cenas de amor entre Bill e Sookie.

HBO, aos domingos, 22:00

6 comentários:

Míriam:

Adoro vampiros e tenho uma tal Vampira Sim nos meus contos e ela é bem light,sua transformação deve-se às dores de uma amor não correspondido.O Bram Stoker frequentou a sociedade maçônica "Aurora Dourada",sua genialidade foi ter transformado o vampiro em um ser de carne e osso.Quanto à Anne Rice e os questionamentos de seu Lestat,creio que chega muito próximo da questão central do preconceito e da marginalidade(Dessa forma X-Men também é um grande exemplo,especialmente nos quadrinhos onde a violência do preconceito fica mais evidente).Enfim,vampiros sempre serão fascinantes para nossa imaginação.Beijos.

Também adoro vampiros, Márcia, e curtindo o enfoque do True Blood. Vamos ver se a série mantém o nível.
Beijoca.

Adorei esse post e fiquei muito curiosa em conhecer a série. Posso confesssar que tenho um pouco de medo de Vampiros, acho que o filme Dracula, não me traz boas recordações, porém esses parecem bem light, pretendo conferir.

Míriam,

Tenho acompanhado seu blog e gostei muito deste post. Adoro ler romances com este tema e ainda não conhecia o seriado True Blood.

Valeu pela dica!

Bjs.

só de saber que é uma série da HBO, ela já ganha uns pontinhos de credibilidade.. Eu já havia lido sober a série, só não havia feito a ligação com homossexualidade e suas dificuldades. O interessante é que essa luta, essa dificuldade pra ser aceito, chama a atenção das pessoas, é uma pena que não é assim com problemas de verdade..

Ps: sabe onde posso baixar a série?

Huntress, se ainda não encontrou onde fazer download, tente pelo link abaixo.

http://www.series-br.com/?p=106

Bj

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